domingo, 20 de dezembro de 2015

Um poema para chamar de meu

De todas as rezas, escrita
De todos as músicas, erudita.
De todas as pinturas, aquarela
De toda a liberdade, bela.
De todos os erros, efeitos
De diversas obras, tela.
Dos feitos e efeitos adversos, cautela...

De toda a beleza, a natural
De toda a natureza, respeito.
De todo o medo, coragem
De toda a seriedade, alguma bobagem.
De todos os pássaros, bem-te-vi
De todas as pessoas, a si...

De todas as decepções, tentativa
De toda a solidão, beleza.
De toda a beleza, atrativa
De todas as bebidas, vinho.
Dos vinhos e vindos da vida, os próprios...

Dos espelhos, nem tanto nem tão pouco
De tudo, por tudo e para tudo, escolhas.
E de todas as escolhas, as feitas...
de
fin
iti
va
mente.






quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Das escolhas



Escolha: uma palavra, sete letras, sete dias da semana. Escolha: três vogais, quatro consoantes e um caminho a percorrer. Escolha: a completa solidão, a presença incompleta, algumas dores, outras alegrias, no meio da deliciosa liberdade de decidir o próprio trajeto. Entre um chá e outro, as louças a lavar, os trajes, o varal, os tropeços, os calendários e os cronogramas a serem alcançados. Trapos e traços, pratos e prateleiras, parcerias e jogos, lembranças e retratos da noite anterior, aquele som animado para incentivar a limpeza de tudo e as recordações do que havia se passado em míseros meses em um apartamento que se tornava cada vez mais um lar. Quatro meses da mudança, somados de três semanas para reviver os milhares de chás que se tomara ali, as poucas sopas e as saladas em menor quantidade ainda, ainda que presentes. Quase cinco de mudança, nove letras de “lembrança”, sete de “escolha” e de um mundo de possibilidades desvendadas e a descobrir entre a troca das fronhas da cama do quarto de dormir. 

Enfeites de Natal aqui, molduras colocadas ali, papéis, porta-retratos, pipoca, paçoca, pregos, aquelas aquarelas enfim penduradas, as sacolas de supermercado, a retornável da feira de orgânicos, as flores da feira, a lista incompleta, os itens esquecidos, os quadros e os fardos de determinados momentos em que o estar só não basta. Embrulhos de tristeza, pacotes de felicidade, misturados em sensações de liberdade e solidão. Feijão, memórias, histórias, canecas, canetas, conexões, colchões, colares, colos, cômodos, incômodos, simples felicidades, apertos, apetrechos, aparelhos, alimentos apimentados, amabilidades, mais porta-retratos, fotografias, portas, janelas já limpas. Listagem do que falta comprar, consertar, construir, colar, acomodar, aceitar. Anotações, anedotas, notas, novidades, notícias, novos móveis, antigas amizades. Rotinas, climas, óculos, ônibus diferentes, carro, bicicleta. Atitudes, atividades, arroz integral, a conta a vencer, a planta a aguar, o lixo a descer, a falta de uma TV que nunca havia sido tão sentida, a nova tevê, os filmes e o DVD, a responsabilidade, as possibilidades, a vida adulta. Pacotes de porcelana, de esperança, de realidade, de receio, de falta, de conforto e da falta dele, por vezes. 

A partida de casa, a saída, a escolha, a tão difícil escolha, aquela que liberta e crucifica. Aquela que, tal como o amor, é dolorosa, embora deliciosa; é positiva e necessária, embora temida. Escolher é: permitir-se partir quando for a hora; deixar ir embora parte de nós para que parte permaneça; tal como a saudade não é a ausência, mas o que importa de algo quando este algo se vai ou se fora e, no fundo, o que realmente importa é como lidamos com a ida, com a transformação, com a mudança, com a tal da escolha. Porque, no fundo, no fundo mesmo, o que permanece é um pouco desse pequeno tudo isso, no qual a zona de conforto já não cabe. Não cabe em palavras e poemas. 
Não há vagas para o comodismo neste lar. 
Não há vagas.

"I'm looking for a place to start
 And everything feels so different now
 Just grab a hold of my hand
 I will lead you through this wonderland"

Ao som de: Yellow light.





segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Dos poemas sem título e sem pontuação

Eu queria um motivo Que a pena não quer me ceder
Bem daqueles que inundam a vida inteira
Dos vizinhos Dos morangos Do terreno ao lado
Dos cavalos alados Dos sonhos Das esperanças sonoras
Das horas por vir Dos poemas que nos olham
Das casas Dos amigos Dos novos Dos antigos
Dos chás Dos orixás e Dos xodós
Das agendas Das encomendas Das tendas
Das vírgulas que não vieram
Das promessas que também não
De Janeiro a Janeiro ainda virão
Eu queria um poema Destes que a pena ainda não cedeu
Do imaginário Do cotidiano Dos verões sem preocupações
Dos concertos Dos concretos Do côncavo Do convexo
Das cidades Dos sítios Do só e do acompanhado
Dos contextos Dos pretextos Dos pretendentes e dos pretéritos
Dos textos sem pontuação Da falta de discussão
Eu queria um motivo Um poema Um presente
Que a pena agora já cedeu
Você eu Motivos A poesia do momento

Que inunda aquela vida inteira


terça-feira, 29 de setembro de 2015

AmArte: o amor como escolha

Amar é regar as flores, acolher as dores, os dissabores e equívocos de dias de semana modorrentos. É desembrulhar pacotes de solidão dos quais acreditamos gostar até encontrarmos a tampa da panela, mais ou menos tortinha como a gente, ou nem. Amar é doce e salgado, é um mar de possibilidades, é doar-se, por inteiro, doendo, por vezes, mais do que acreditamos suportar, mas o fazemos porque o amar vai além de duas vogais e de duas consoantes, vai além de mar e ar juntos. Amar é lua, sol e todos os movimentos mais belos de cada um. É mistura, é uma simplicidade complexa e uma complexidade simples, é música... Instrumentos, violão, viola, voz, tecla, teclado, piano. É suportar, ceder, oferecer, tomar e receber. É ensaiar algo que não se vê e se deseja, é valorizar o que se tem. É uma recordação num momento inesperado, é inspiração, é o belo e o incômodo. Amar é escrever, sentir, tocar em seus diversos aspectos, entoar. Amar é ver-se livre quando, de certo modo, atrelado ou um tanto quanto preso, embora livre. Amar é respeitar, chorar e sorrir para a primavera que se inicia. Amar é movimentar-se em direção ao que há lindo na natureza. É admirar a imperfeição alheia. Amar é criar, recriar e escolher. Pois há de se abdicar para ter amor e amar. É uma escolha difícil, posto que o amor, ao mesmo tempo que coroa, crucifica. Amor é letra, canção, amizade e desejo, zelo, é quando o “bem-me-quer” prevalece, entre o sim, o não e o talvez. Amar é reconhecer-se como ser humano em busca de algo maior, além de si, capaz de doar-se, apesar de imperfeito, querer entrar em sintonia, mesmo com diferenças. O amor é isso, é mesmo uma escolha, uma arte e, além de tudo, uma escolha para os fortes, para aqueles que escolhem o amor, apesar de todos os riscos do processo.



domingo, 13 de setembro de 2015

Nada mais justo

Certo dia, ela lera que “escrever é mais barato que tomar remédio”, pois amém! Nada mais justo que sua vontade de não descongelar congelados alheios, alimentar a alma de palavras, fazer delas um recanto de sentimentos presentes. Naquele dia, a alma dela se silenciara, inundada de palavras mudas e absurdas, mas que faziam cada vez mais sentido e um certo abrigo para não receber as entrelinhas de outra história qualquer, mas daquela escolhida.

Certo dia, ela sentira que não somente o sono aliviava as dores do coração, mas o canto, a dança, um encontro consigo própria e todo o encanto do cotidiano, da rotina. Sim, até com a rotina aprendera a importância do acaso, da imprevisibilidade, de algo que confronta o óbvio e conforta a monotonia de uma terça-feira modorrenta ou até de um domingo insosso. Nada mais justo do que uma sexta-feira ou do que um sábado, daqueles que todo mundo espera alguma coisa à noite. Nada mais justo do que dançar a noite toda. Nada mais justo do que amigos em casa e jogos de tabuleiro. Nada mais justo do que a música e o instrumento da preferência de cada um. Nada mais justo do que toda uma orquestra a tocar por aí ou em uma película, com ou sem tradução.

Nada mais justo do que o conforto, do que a cama, a calma, a acolhida, o abrigo, do que não olhar somente o próprio umbigo. Nada mais justo do que reconhecer que nem sempre a justiça opera, pelo contrário. Nada mais justo do que alimentar a si e ao outro, do que recriar a alma em palavras, blocos de parágrafos, escritos, espaços, espelhos, notas. Alimentar o que há de belo entre os homens, seja silêncio ou som, seja a escolha entre isto ou aquilo. Seja perder algo para ganhar além. Seja alimenta-se da pureza de uma criança, seja amor, alma, comida, contos, canções ou trechos. Nada mais justo do que um vinil e um vinho. Um amigo e um livro. Uma caixa ou além, um punhadão de memórias. Nada mais justo do que embriagar-se com Billy Idol “dancing with myself”; nada mais justo que escutar Oasis, um “live forever” que se desconhece, mas que é eterno enquanto dura. Nada mais justo que cantar Marisa no chuveiro, ou Tribalistas, e fazer da rotina do banho algo além. Nada mais justo que apreciar, inclusive, a tal da rotina, com música ou com muita, muita mesmo.


Certo dia, ela lera, relera, relatara, sentira, atentando-se para o mais simples do que há em cada gesto e sinal da natureza. Certo dia, ela escolhera escolher. Dia após dia, hora após hora e a cada segundo, como se não fosse quase, nem tanto, nem tão pouco, nem tão muito, mas o suficiente para si. Naquele exato dia, ela descobrira um mundo novo, que desvendaria aos poucos. Porque nada mais justo do que o que sentia. Porque a justiça nem sempre ultrapassa ideias ou papéis. Porque “justo” tem cinco letras e sentidos diferentes. Porque “justo” nem tem sempre tanta igualdade, pelo contrário. Porque, apesar de tudo isso, a justiça tem um quê de bela para cada um, ela só precisa ser feita. E, justiça seja feita, não ocorre sem um punhado de amor nos corações. 





quarta-feira, 2 de setembro de 2015

SorVerter

Verter
Sorvete
De morango
Derreter
Canela, maça e alma.
Ter e ReTer 
A calma.
Alma Adocicada Aprecia Amar.
Transborda
Sorvete, até de limão.
Sorveter 
Converter
Sonhos e goiabada;
Goiabada, amor e dança;
Paçoca, piano, lembrança;
Pipoca, Guaraná, infância.
Distrair-se com Cora, Clara e Coração;
Dividir-se em botão e teclas;
Divertir-se...
Aqui e agora.

Ps.: "Já que eu não te tenho por perto eu vou tomar um sorvete". <3



terça-feira, 4 de agosto de 2015

A casa da caixa de correio

A casa dela falava... Falava dos muros ao lado, dos preconceitos, do pousar e repousar dos passarinhos, do pouso dos aviões, das gaiolas alheias, dos conceitos. A casa dela falava... Tratava-se do chão, do colchão, do andar de baixo, dos lares, dos laços, das novidades, das realidades tranquilas e amenas ou nem. A casa era engraçada, mas tinha teto e outros tantos.

Tinha parede, relógio, quadros, mais relógios e uma vontade de congelar o tempo, por vezes. A casa dela tinha cozinha, máquina de lavar, de escrever, de congelar tempo, geladeira, batedeira, misteira, mistura e congelados. A casa dela tinha também às vezes fome, forma, a repetida vontade que não passava e os congelados que permaneciam. A casa dela tinha pães, chás e desejos; tinha vontade de receber um pão quentinho de alguém especial com uma pitada de geleia de amora ou morango. A casa dela era a sala; os quartos; a cozinha com os congelados; a varanda com a grama sintética; as plantas da varanda com a grama sintética; as pessoas que frequentavam a casa; as pessoas que poderiam frequentá-la; era amor em Si bemol ou em Lá sustenido. 

A casa dela era dela e ela. Era ela Lá de cima; era um lar em sua complexidade, com seus muros, construções, cômodos, incômodos, portas, prós e contras. A casa dela era dela e dela eram o conforto e a solidão. A casa dela era a falta da família abrigada: nem pais, nem filhos, mas paz, porta-retratos, livros, relicários, retratos tão pequenos deles dois, deles três, deles, delas... Mais portas, notas e porta-retratos com fotografias em preto e branco, painéis, cartas, anéis, coleções, telefonemas, recordações, pulseiras, sapateira, cadeira, canecas, xícaras, sofá, Sol e Fá do teclado dela, a falta de alguns itens de um novo lar, o Lá do violão a comprar, cartões postais, chocolates, papéis, novos laços e anéis, chás, partituras, calendários e um mundo a ser decifrado. A casa dela era um lar, era dela e lá na montanha não permanecia. Tinha os sons típicos de uma amena realidade, nem sempre amena, embora, ao menos, distante do que já havia sido um dia.

A casa dela era engraçada, mas tinha teto e outros tantos. Não era na montanha, nem na fazenda, nem tinha arara, aranha, nem teia, mas telas de pintores diversos. A casa dela era engraçada e na praia: arraia, sol, verão, o mar e a lua a ditar alguns ritmos e rituais. Na casa dela havia um clima, nem sempre florido como o da primavera, nem sempre congelante como o do inverno. Haviam juntos: a casa, ela, o clima dela e o da casa. E juntos caminhavam diariamente com as cores de Almodóvar, de Woody Allen, de Adriana Calcanhoto, de Marisa Monte, de Frida Kahlo, de Miró, de Degas, de Debussy, de Monet e de outros tantos. E haviam, além da casa, a vida, a estrada, a avenida. Ou a ruela da casa dela. Havia a maquininha de escrever ou o computador. O caminho e toda a caminhada. Da vida para a casa, da casa para uma vida que ia passando com o passar dos passarinhos e das canções.


Mas o que mais importava daquele pequeno tudo aquilo, que tinha teto e outros tantos, era que havia na casa engraçada uma caixa de correio igualmente engraçada... Sem nada. Não conseguiam lê-la não, porque não havia na caixinha um borrão. Não conseguiam deixar carta ali, porque o número estava por vir. Ninguém podia enviar nada não, porque ela era do tamanho de um grão. Era pequena, mas tinha amor e, sobre ela, uma flor.



quarta-feira, 29 de julho de 2015

De chá em chá, de toda poesia que há...

É ele que pode nos confortar em momentos nos quais não nos conformamos com algumas situações. É ele que pode aliviar algumas dores um tanto quanto incuráveis, que pode atenuar os excessos de alguns humores e desacelerar o coração em determinadas horas, quando necessário. É ele que pode confortar os ânimos em uma terça-feira modorrenta que insiste em retardar as notícias boas dos finais de semana ou a ausência prolongada de familiares queridos. É ele que melhora o mal humor da falta à feira de quarta-feira, aquela onde se encontra tapioca, flores fresquinhas e mais tapioca ainda, de preferência de banana e com leite condensado. 

É também a camomila dele que pode provocar mudança no estado de espírito em um fim de semana que se planeja viajar para lugares x, y ou z e mal se sai do bairro onde mora ou do quarteirão. São as frutas silvestres dele que deixam vivos alguns sentimentos e é a maçã com canela também dele que pode confortar ao máximo a angústia de se perceber impotente diante de determinados fatos. É ele, o famoso chá; o simples ato de ferver o caneco; encher a caneca de canela, de frutas, sentimentos e outros tantos; de ir para a varanda sem saber o porquê e sentar no tapete ou na grama sintética. Sem motivo também, esparramar-se na grama da varanda, juntamente com cactos e outras plantas que ajudam a vida dos reles humanos. 

É também o chá que torna a solidão um tanto quanto mais agradável, mesmo apesar de algumas adversidades, apesar dos pesares, apesar dos problemas do mundo que não temos como resolver sozinhos, cada um por si e ponto final. Ele torna momentos insossos em mais atraentes; transforma páginas e fotografias de jornal em cenas cinematográficas. Filmes interessantes em mais prazerosos ainda. Estudos obrigatórios em tranquilamente suportáveis. Pois, se para morrer basta estar vivo, para viver basta beber chás e cafés, além de se alimentar de guloseimas que vão muito além de chocolates; de produtos que vão muito além de feijão e arroz; pão, manteiga e queijo; alimentar-se de elementos como a música, a fé e derivados. De preferência, embebedar-se não somente da fé e de um bom som, mas de um livro de poemas, com a caneca predileta à mão, se é que há, ou lê-lo com um grande amor ao lado. Agora, para viver um grande amor, isso Vinicius, o poetinha, ensina, basta lê-lo ou ouvi-lo. Mas já adianto que, primeiro, é preciso sagrar-se cavalheiro e, depois, aí sim talvez bastem poucas coisas. Talvez sejam suficientes uns chás, talvez outras bebidas quentes; um violão; uma canção e a poesia de uma noite em que se possa avistar a Lua ou nem. Daí, de chá em chá, ficamos mais compreensivos e, independentemente do ocorrido, os ânimos podem se modificar. De chá em chá, cedemos. 

De chá em chá, construímos laços, lares, luaus e pontes. De chá em chá, tomamo-nos para nós mesmos, tomamos nossos sonhos, bebemos nossos mistérios, aceitamos alguns passados, tornamo-nos a mudança que desejamos ver no mundo e construímos, independentemente do sabor, ou dissabor, um mundo melhor. E nessa de beber nossos mistérios e sonhos, colocamos a água do caneco na caneca com canela, partimos um pedaço de pão com requeijão e aproveitamos para dar partida numa viagem só nossa. Partimos da gota para o mar, do mar para nosso próprio coração, sentindo-nos cada vez mais inteiros nesse mundo, mundo, vasto e imenso mundo, mais vasto ainda quando estamos acompanhados por chás, blocos de notas, uma máquina de escrever antiga ou um simples equipamento modernológico como o tal do computador. Vai uma caneca aí... Ou uma caneta?


Ps.: Se não houvessem os chás, talvez as noites fossem diferentes, talvez não houvessem tantos sonhos, nem tantos desejos. 



sábado, 25 de julho de 2015

Dos poemas de julho

- Silêncio, cadê você?
- Aqui, vim buscar sua voz pra mim.
E quando não havia mais voz
E quando só havia silêncio
Ela se silenciava dormindo quase em pé
Com as Mulheres de Galeano nas mãos...

São apenas as Noites.












Ps.: The Strokes said You only live once.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

De par em ÍmPar.

Parou de responder
Ao que ele escrevia
Parou de escrever
O que ele não leria
Parou de leiloar
Parou para replantar
Em outros mares
Parou para fazer brotar
Parou de fazer horta
Para ele
Parou de fazer torta 
E de fazer questão.
Parou de ser seu par
Par
Ou
Ím
Par.

Ps.: "I'd never sing of love
If it does not exist".




Keeping a comfortable distance.

domingo, 19 de julho de 2015

Se fosse, seria.

Se eu pudesse descrever o que não sinto por você, diria que é o que poderia ter sido. Se eu pudesse ao menos dizer o que poderia ter sido, diria que foi expectativa ou uma ausência presente, um tanto quanto contraditório, mas real. Se eu pudesse ser mais sincera ainda, diria que não foi paixão, nem amor, mas algo ao menos próximo à amizade, pois a vida brinca e nos coloca próximos, embora distantes.

Se eu pudesse escolher uma música para descrever um pouco a situação, não seria “Preciso dizer que te amo”, mas “Eu me lembro”. Se eu precisasse falar de paixão ou amizade, escolheria falar de amor. Se eu pudesse falar de amor com você, escolheria falar das cores e frutas que o compõe. Oras, se o amor fosse uma cor, de cor, poderia ser descrito como azul, pela calmaria que há em seu fundo, como o fundo de um mar cheio de peixes, alguns solitários, outros nem tanto, outros tendo a solidão como defesa. Se o amor fosse uma fruta, seria uva, da qual se fazem vinhos amorosos, vinhos maravilhosos viriam das vinícolas do lado de lá. Ou seriam morangos, tão vermelhos quanto a cor da paixão, que por vezes se mistura com o que há de belo no amor? Se o amor fosse uma construção, com sua delicadeza, seria uma mistura de estilos, como uma casinha simples ou um imponente castelo, como conjugados amor e paixão, antigo e moderno, romantismo ou não. Se o amor fosse uma mudança, seria como o tempo, vagaroso e respeitável. 

Se eu pudesse dizer ao amor do que ele precisa, diria que é necessário dar ao amor tempo, assim como água, assim como se rega plantas e se alimenta o tempo, assim como dar tempo ao tempo e tempo e água às flores para que se desenvolvam. Se o amor fosse a minha pessoa, eu seria também o amor, seria tudo o que há na poesia, seria tudo o que o universo cria, no que cria o coração. Se o amor fosse canção, você ou nós, seríamos amor, amantes ou somente amáveis músicas. Se não fôssemos nós, sem amor, nada seríamos, não tocaríamos, nem cantaríamos como sereias. Se o amor fosse o próprio amor, eu não criaria algo inexistente, eu não creria que amar é tão difícil nem tão fácil quanto um verbo de quatro letras no infinitivo, tal como doar, doer e inclusive amar, pois só entende do amor quem ama e permite ser amado, pois só entende do amor quem busca dar e receber. E, por tudo o que há de mais belo a dois, a sós, no ímpar e no par, um a um, dois a dois, se o amor fosse o próprio amor, sem amor eu nada seria, eu nadaria sereia, não seria humana, seria só, só andaria, assim e para sempre.





segunda-feira, 6 de julho de 2015

Autoescrita: Si Bemol... Ou Sustenido.

E tendo visto
Aquele filme;
Tendo lido
Aquele livro lindo;
Tendo escutado
Aquele som
Agradável
ela quis escrever novamente.


Para si,
Para si,
Para
Si
Pára. Pausa. Procede...

Si
  Si
    Si
Be
Mol
      Si
Bemol.
      Si.
Bemol
       Ou
        Sustenido.



sexta-feira, 19 de junho de 2015

De peixinhos e passarinhos que sonham além.

Um peixinho era sonhador
E sonhava muito e tão parecido comigo
Era que acabou sonhando muito meu próprio sonho.
Por excesso de compatibilidade.

O outro nao me permitia sonhar 
Como eu queria. Permaneceu, pois, 
Em outra companhia; em outro aquário...
Não no meu mar; nao no meu lar.

Por falta de compatibilidade, o excesso da falta. 
E de excesso em excesso os peixes vão nadando.
Nos mares, com suas barbatanas, com suas escamas.

Seguindo diversas direções pelo equilíbrio de seus movimentos lentos
Seguindo canções marítmas; Ritmos, harmonias e melodias diversas. 
E tentando EquilibrAr As notAs.



Equilibrar As notAs, as dançAs, a magia de suas criançAs... dos peixinhos.
Filhos de peixe... são.
Nós, os humanos,
Que não somos Peixinhos de Drummond 
Que não saímos de sua lira
Que não somos passarinhos de Quintana
Que somos um pouquinho de toda a natureza
Vivemos a equilibrar passarinhos e excessos humanos,
Inclusive os nossos,
Inclusive excessos e desejos.
Além de cada limão atirado na água da lira,
EquilibrAMAMos a vida; 
Equilibra-mo-nos ao amar a vida tentando fazer, do limão atirado, uma deliciosa limonada; Como bêbado e equilibrista, como a arte expressa toda sua diversidade; Como a ciência. Como a voz da Elis. Como receitas que utilizamos, aos quais cada peixe responde de forma singular, com variedade enorme de formas.  

domingo, 7 de junho de 2015

Pretérito Perfeito Idealizado por Mistérios

Ela pronta. Ele a encontra. 
Ele se aproxima. Ela Rima.
Ela sorRia; só ria.
Alegre ia; alegria, alegria.

Ele sério, mistério; Ela quente, é gente;
Ele frio, arrepio; Ela perto, certo? 
Era ela perto, era?
Ou era ele? 
Ele não.
Era.

Então, era mistério eeeeeeEeeLa...
Lá seguiu... Por si Só. Por si Sol. Parou de seguir tanto passado, um pretérito perfeito que parecia mais perfeito ainda quando idealizado. Ela lá seguiu, rumo ao passar de passos , ComPassos, passados e pensamentos, transitando por passado, mas ainda mais por presente e futuro. Todos tão presentes como ecos da memória até do que há de vir. Secos, os dois, seguiam. SEcos, cegos e até um tanto quanto solitários.







sexta-feira, 5 de junho de 2015

In Between Dreams. À Lua, entre sonhos e sonetos.

Não é minha A Lua, é meia esta Lua que vejo e além disso. Até sendo meia, cheia ou incompleta, sendo astro celeste ela ja o é. Crescente, pois alta brilha e busca além, sempre. Só, além, SolZinha, ela, Lua, já basta. É ar e também pode solar... Como quiser ser, é. Solar em seu lar ou no mar. Céu, mar ou Beijo-azulZinho, união de cores de ambos.

E só de ser, basta-se, a Lua iluminada... A iluminar a água à noite. Mesmo se fosse em sua outra fase; mesmo se fosse pronunciada em conjunto com pronomes possessivos, minha, nossa, assim ou assado; mesmo se fosse de um ou de outro, eu não ousaria dizer que eu lhe dei ou lhe daria esta beleza Celeste, porque não é assim que desejamos os corpos, não funciona assim. Nem minha, nem sua, estamos nela e até demoramos a esbarrar por lá. Dito isto, nem minha, nem sua, é dela própria, nao importa a fase em que se encontra! 

Nao é nossa, mas la nos encontramos, algum dia em um ciclo, crescente e sem tantos sinais de pontuação, vírgulas e vírgulas e virgulas e... , , este escrito, como a Lua, molha-me, ilumina-me, olha-me e é de coração para você. De longe mesmo, como um beijo assoprado que pode ou não ser recebido do outro lado de um lar... Assinado: admirador lunar.







segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um bom ponto de encontro, conto-lhe agora. Até breve.

Certa vez, Clarissa confessou à amiga alguns pequenos detalhes da vida, pensou naquela frase "e Kafka fez da arte sua reza" e começou a escrever, intensamente. O resultado de Clarissa não era tão exato, porque ela acreditava que a reza e a escrita não eram tão próximas da matemática quanto a música.

Clarissa é daquelas que comemora a vida! Brinda cada motiVinho, cada motivo mínimo, ideia mínima, Formato Mínimo e realmente aprecia a simplicidade da vida em suas nuances por vezes complexas. Dito isso, Clarissa comemorou até o ingresso do tal dos óculos no seu rosto e agora eles fazem parte dela (Ênfase em fazem parte, porque ela se sente partida quando partem, os óculos).

Quando pequena, o acetato não caía bem em Clarissa. Quando adolescente, apaixonou-se pelo acetato na face em forma de óculos. Ademais, às vezes, faltava um certo cuidado dela para com seu querido “óculos de jornalista”. Pela armação não resistir à troca do grau das lentes, de tempos em tempos (cerca de 3 ou 4 anos), era preciso trocá-las. Daí era só saudade, um tanto quanto triste até que ela se adaptasse aos novos óculos. Apegava-se aos antigos e aos amigos também. 

Clarissa buscava muito além de cativar os amigos e de criar laços... <3 Isso mesmo, laços, não nós atados. Buscava manter os belos laços que fazia a partir de fitas coloridas. Mas era necessário abandoná-los; laços e óculos; às vezes, para não quebrar ou desfazer preciosidades antigas. Embora não quebrasse nem estragasse óculos para aumentar os graus das lentes, enxergar melhor e beneficiar sua própria visão, sentia-se partida ao precisar partir sem eles. Sem óculos antigos, parte dela era saudade, partida, parte Ida... 

Como uma flor que havia perdido uma pétala ou algumas delas. Como um mar de saudade com parte da água evaporada e saudade do que foi um processo natural num ciclo de águas... Como uma geleira, um grande glaciar com partes descongelando, como ocorre, naturalmente com a mudança de temperatura. Ah, o tempo... Ele desgasta ciclos; sentimentos; sons; flores; ocorridas dores; diversas cores e até os óculos, então, é preciso deixá-los para a vinda de novos. 

Ou o tempo até resgata os sons, sentimentos e ciclos, mas é preciso dar tempo ao tempo ou abandonar óculos outrora queridos para aceitar que os passados passam como passarinhos que voam. Voam porque é lindo voar e passarinhos podem, pois possuem asas, inclusive, de modo que não somente podem voar, como merecem fazê-lo! 

E o mais lindo era vê-los voar quando percebido que podiam voar. Era triste a partida, a parte ida, mas era ida e pronto. Ponto final. Ponto final não é vírgula, não é interrogação, explanação, exclamação, nem reticências [...]. Não são sinais de pontuação que Clarissa buscava colocar quando não era possível, muito menos uma eterna reticência de querer óculos cuja armação já não cabia mais no rosto. 

Ponto final é final e final pode ser parada ou ida. Clarissa preferia acreditar em ida. E ida é ida, ou seja, foi; ficou no passado. Assim, foram-se, um a um, dois a dois. Assim, fazia-se necessário aceitar que a vida vai passando com o passar dos passarinhos e, de tempos em tempos, em ComPassos com o som da praia; dos peixes no mar; das ondas; das conchas; das tartarugas mais belas de projetos; das estrelas do mar ou até das do Céu. 

Até que há um ponto de encontro um tanto quanto infinito, embora ido. Um ponto de encontro em que óculos possam se encontrar ou, ao menos, esbarrar-se. Nesse ponto; entre a arte e a ciência; entre Sol, Lá e Si; lá, uma lente diz: -Oi, sempre te vejo por aqui, como vai? -Vou bem, muito bem. Vou-me da redoma. Estou de mudança. E a outra lente responde: -Vou me mudar também, estou também nesse processo. Vemo-nos por lá, então? 

E foram caminhando, cada lente para um lado, distantes, porém um pouco próximos. Clarissa estava ao som de "Of Monsters and Men, My Head is an Animal, the Full Album", mas repetia especialmente Little Talks, Slow and Steady e Yellow Light. <3



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Você Vai. Acredite! E agora?

Você Vai. Acredite! Em algum momento da vida, você vai se deparar com diversas questões [ou várias delas], acredite! Mais cedo, mais tarde ou ao longo dela toda, da linda vida, da minha, da sua, da deles, da nossa, das nossas. Daí, quando o momento chegar [se já não tiver chegado], vai pensar no nosso pequeno PlaneTinha Terra, inserido num sistema cheio de Sol [GGGGG], todo Solar [MVTMJSUNP], fácil de memorizar quando pensamos, ainda menores [ou não], na frase "MINHA VÓ TEM MUITAS JOIAS, SÓ USA NO PESCOÇO". Uma frase assim é fácil de memorizar, certo? Pode ser desenhada aqui também, ó, em forma de texto o desenho sai assim: MINHA (Mercúrio), VÓ (Vênus), TEM (Terra), MUITAS (Marte), JOIAS (Júpiter) SÓ (Saturno), USA (não de Estados Unidos da América, nem do verbo usar, mas de Urano), NO (Netuno), PESCOÇO (Plutão). Pronto, mais fácil, até que venham os astrônomos com mais novidades e baguncem tudo.

Bem, pensa-se: no nosso tamanho pequeno, gigante e único at the same time; no posicionamento do Homem diante disso; na crueldade humana; na injustiça; nas guerras e nos conflitos; nas fotografias e em toda forma de arte que busca retratar percepções dos artistas sobre o mundo e sobre eles mesmos no mundo; nos desejos infinitos do ser humano e na finitude dos Recursos Naturais (RN); na mudança [ou não] do posicionamento do Homem em relação ao meio ambiente e a tudo aquilo que é Muito Superior [redundante ênfase] aos sistemas econômicos; no papel e na importância da água para o Planeta, sobretudo da salgada [uma vez que temos 2/3 de sua superfície ocupados por água, sendo 98% desses 2/3 de água disponível, de origem salgada, como o Sebastião, o Salgado, o economista fotógrafo] etc. etc. etc. Pensa-se em N, A, M, X, Y, Z possibilidades de um mundo melhor, pensa-se em etcETeras [Porque os questionamentos realmente são diversos e tendem a ser infinitos até que se prove o contrário].

Então, passa-se a desacreditar da bondade das pessoas, dos sentimentos bons delas, do que produzem de bom para as futuras gerações e da própria sustentabilidade desse sistema, dessa geração e desse modo de inserção do Homem no sistema. Passa-se a questionar a religião, a própria fé, a fé no amor. Acredite, até o amor será questionado em alguma altura da vida! Dito isso, existem algumas possibilidades e destaco aqui duas delas, a saber: 1) Você se posiciona no sentido de desacreditar de tudo o que há de bom e só acredita nos males da sociedade, no que empresas e governos colocam em bancas de jornais e revistas sem tanto critério de “revisão”. Acredita, indubitavelmente, nos dados apresentados pelos telejornais e, neste caso, a vida vira algo sem graça, insosso, totalmente sem tempero, sem pimenta, sem ketchup, mostarda e até Sem Sal [embora haja muita água salgada, mas a temperatura não ajuda a natureza e o Homem não ajuda a temperatura, nem a própria natureza], então, a vida fica triste; 2) Você filtra e questiona tudo mais ainda, ainda mais, acredita e desacredita, dependendo do contexto, mas com uma noção [ao menos]: A noção de que a bondade é silenciosa. 

Pausa. Silêncio para a bondade; Silêncio e, posteriormente, uma salva de palmas... Clap, Clap, Clap!

A bondade, além de silenciosa, é pequena, é percebida discretamente por ações [gestos, atitudes, comportamentos] simples, que nem sempre aparecem nos telejornais, embora existam, embora haja mais sangue do que tudo nos TeleJornais e nas bancas de jornais e revistas mal vistos e nem sempre bem revisados. Mas lembre-se: existem bancos que não transacionam apenas o seu dinheirinho, moedas e valores pecuniários; existem bancos que transacionam, além desses valores, outros. Transacionam órgãos que salvam vidas, transacionam sangue e vida! Bancos de sangue, por exemplo, são alimentados por pessoas e a bondade existe sim, acredite. Ah, o amor também, assim como a fé.

Enfim, a vida é uma arte, misturada com alguma ciência (ou algumas) e com um tal de Borogodó, sendo este intraduzível, ou quase, com um Q [ou C] de Charme. A vida é MESMo A arte do encontro “embora haja tanto desencontro” ao longo dela, como já dizia o poeta. Como já diziam e expressavam os poetas, os astronautas, as bailarinas e todos aqueles que escolheram, escolherão e escolhem sofrer por amor à causa maior, à vida, ao objetivo de suas vidas. Por amor à vida e à falta dela, da vida, que é bonita, é bonita, ita, ita, ita...

Já viu o pé de alguma bailarina ou a sapatilha de ponta de uma delas? O bolso de alguns poetas/artistas e as adversidades aos quais os astronautas se permitem viver, enfrentar, suportar... Aos quais eles se submetem? Já viu, já OUviu e/OU já sentiu? E agora? Acredita, desacredita, começa a questionar ou continua questionando?



quinta-feira, 30 de abril de 2015

Clube da caneca: muito além de uma boda de ouro... CaneCaPreferida.

Certa vez, Isabelle (que conheci por Tiago, que conheci por outro amigo querido, o Caio), ciente de minha coleção [pequeña, mas crescente, diga-se de passagem] de canecas, solicitou que eu escolhesse a favorita... Minha caneca preferida. Tarefa difícil, um desafio na verdade, para quem tem dificuldade de escolher apenas uma caneca, apenas uma banda, apenas uma atriz, um diretor de cinema, apenas um livro, apenas uma arte E/ou somente uma ciência. Enfim, a dificuldade de optar por algo, sabendo da qualidade de demais "AlGos", pareceu-me um desafio. Então, coube a mim aceitar o desafio e redigir um PetitTExtinho sobre a minha caneca mais querida. Não foi fácil perceber a mais importante caneca da minha coleçãozinha cheia de histórias, com canecas importadas ou não, nacionalíssimas. Não foi fácil porque meus olhos enxergavam todas como lindas, embora diferentes umas das outras. Não foi fácil perceber, mas... percebi. 

Ah, foi difícil também escolher somente uma fotografia, mas nada impossível de ser realizado. Compartilho aqui a caneca eleita e o material publicado no sítio dela, de Isabelle, em 15 de Abril de 2014. 

Entre xícaras, linhas, cafés, histórias, chocolates, memórias e principalmente ela, minha coleção de canecas, circula aqui a escolhida. A caneca que elegi para escrever sobre não foi comprada em Nova Iorque, nem importada dos Estados Unidos, não foi presente da vovó, não traz a figura da Mafalda, do Pequeno Príncipe, de obra alguma de Van Gogh, nem frases de Jane Austen, como as outras da coleção, mas merece igualmente seu espaço na prateleira. Nas horas vagas, além de me dedicar à música e apreciar cafés, participo de eventos, assessorando cerimonialistas na organização de casamentos e bodas, por exemplo. Cada momento da cerimônia, cada “sim” de uma noiva, cada declaração de um noivo é uma oportunidade de me emocionar. Eis que em uma destas comemorações parte dos brindes era uma caneca personalizada com a foto do convidado. Felizes da vida comemorando suas bodas de ouro, os anfitriões da festa presentearam tanto a cerimonialista como suas assistentes com a caneca personalizada. Faz alguns anos que ganhei e, desde então, não desgrudo dela, do início ao fim do dia, da cozinha ao quarto, passando pela pia, pela bancada, pela cama, até mesmo pelo chão e pela recordação. Ela é a mais utilizada das canecas colecionadas e o que a torna tão especial são as lembranças das ocasiões felizes das quais participei, colaborando, de alguma forma, para a concretização de momentos de comemoração na vida de diversos casais.

Ps.: O Café com chocolate possui imagens de dar água na boca... Acabo de comer bis, mas vale a pena olhar chocolates, cafés, canecas e textos. Eis o link: https://cafecomchocolate.wordpress.com/2014/04/15/clube-da-caneca-muito-alem-de-uma-boda-de-ouro/. 

Obrigada pelo espaço, IsaBelle, gostei de ter escrito sobre minha pequenina coleção!

sábado, 25 de abril de 2015

Acostumei-me a ser mar.


Não estou acostumada com um desejo que sinto somente pelo toque. Acostumei-me a sentir um olhar que deseja, embora evitando demonstrar qualquer desejo, embora encontrando o meu olhar discretamente, manifestando-se, embora de maneira reservada. Acostumei-me a ser um mar de palavras, de sons, de conchas e de grãos de areia. Um mar com um aroma peculiar. Um mar e, ao mesmo tempo, uma simples gotinha. Acostumei-me a abraçar gotas, pessoas, cousas e causas. Acostumei-me com um jardim sobre o mar. Acostumei-me a ser mar e jardim. Sem ti, sentir-me refrescante e florida como um mar cheio de flores sobre ele. 

É uma questão de ponto de vista, em um ponto cujo olhar não manifesta o que o outro sentido percebe. Ou manifesta, embora de forma obscura, não tão Clara.