sábado, 25 de abril de 2015

Acostumei-me a ser mar.


Não estou acostumada com um desejo que sinto somente pelo toque. Acostumei-me a sentir um olhar que deseja, embora evitando demonstrar qualquer desejo, embora encontrando o meu olhar discretamente, manifestando-se, embora de maneira reservada. Acostumei-me a ser um mar de palavras, de sons, de conchas e de grãos de areia. Um mar com um aroma peculiar. Um mar e, ao mesmo tempo, uma simples gotinha. Acostumei-me a abraçar gotas, pessoas, cousas e causas. Acostumei-me com um jardim sobre o mar. Acostumei-me a ser mar e jardim. Sem ti, sentir-me refrescante e florida como um mar cheio de flores sobre ele. 

É uma questão de ponto de vista, em um ponto cujo olhar não manifesta o que o outro sentido percebe. Ou manifesta, embora de forma obscura, não tão Clara.


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