
Se eu pudesse escolher uma música
para descrever um pouco a situação, não seria “Preciso dizer que te amo”, mas “Eu
me lembro”. Se eu precisasse falar de paixão ou amizade, escolheria falar de
amor. Se eu pudesse falar de amor com você, escolheria falar das cores e frutas
que o compõe. Oras, se o amor fosse uma cor, de cor, poderia ser descrito como azul,
pela calmaria que há em seu fundo, como o fundo de um mar cheio de peixes,
alguns solitários, outros nem tanto, outros tendo a solidão como defesa. Se o
amor fosse uma fruta, seria uva, da qual se fazem vinhos amorosos, vinhos maravilhosos viriam das vinícolas do lado de lá. Ou seriam morangos,
tão vermelhos quanto a cor da paixão, que por vezes se mistura com o que há de
belo no amor? Se o amor fosse uma construção, com sua delicadeza, seria uma
mistura de estilos, como uma casinha simples ou um imponente castelo, como conjugados amor e paixão, antigo e moderno, romantismo ou não. Se o amor fosse uma mudança, seria como o tempo, vagaroso e
respeitável.
Se eu pudesse dizer ao amor do
que ele precisa, diria que é necessário dar ao amor tempo, assim como água,
assim como se rega plantas e se alimenta o tempo, assim como dar tempo ao tempo
e tempo e água às flores para que se desenvolvam. Se o amor fosse a minha
pessoa, eu seria também o amor, seria tudo o que há na poesia, seria tudo o que
o universo cria, no que cria o coração. Se o amor fosse canção, você ou nós,
seríamos amor, amantes ou somente amáveis músicas. Se não fôssemos nós, sem
amor, nada seríamos, não tocaríamos, nem cantaríamos como sereias. Se o amor
fosse o próprio amor, eu não criaria algo inexistente, eu não creria que amar é tão difícil nem tão fácil quanto um verbo de
quatro letras no infinitivo, tal como doar, doer e inclusive amar, pois só
entende do amor quem ama e permite ser amado, pois só entende do amor quem
busca dar e receber. E, por tudo o que há de mais belo a dois, a sós, no ímpar e no par, um a um, dois a dois, se o amor fosse o próprio amor, sem amor eu
nada seria, eu nadaria sereia, não seria humana, seria só, só andaria, assim e
para sempre.
Um dos temas que eu mais gosto de ler é sobre o amor e a saudade. São coisas que faltam palavras para explicar, e por mais detalhista que possamos ser, sempre falta algo que não está escrito. O amor está em tudo que fazemos, sentimos, vemos... O amor está em tudo. Até no ódio. Esta sua frase explica muito bem: "Se o amor fosse o próprio amor, sem amor eu nada seria, eu nadaria sereia, não seria humana." Muito bom o texto!
ResponderExcluirQue bom que gostou. Obrigada, Pedro!
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