terça-feira, 2 de julho de 2013

Nossas notas.

Ela não via a hora de conversar com ele novamente. E, de repente, rever aquele sorriso, sincero e preciso, a transmitir tanto sentimento. Sentada no piano, coberta do pano daquele traje longo, ela ensaiava. Revivia em cada tecla uma mescla de suas memórias e de seu presente. E era ele agora. Entre um bemol e um sustenido, ela observava que, no seu vestido, não havia mais nota alguma do passado. Ao prosseguir a canção, refletia sobre a melhor saudação para aquele que roubava sua tristeza e a escondia. Aquele que dirimia as feridas vividas com outro. Por um momento, abandona o instrumento e volta seu pensamento para os tempos de criança. Dança pelo salão, relembrando as bolinhas de sabão que assoprava quando pequena. Com a alma calma e serena, escreve para ele um bilhete: “guarda a saudade e me aguarda que estou chegando”.


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