Naquele dia nublado e frio, senti o profundo vazio de te ver partir ao acordar. Levantou-se e, com tamanha frieza, juntou as roupas sobre a mesa e fez a mala. Enquanto, na sala, eu te observava ir embora. Livros e vinis ficaram e oito meses se passaram. A casa, os chás, os cafés, as xícaras e os discos sentiam sua falta. O meu olhar demorado, agora amedrontado, receava sua constante presença longe de mim. O meu aflito sorriso dizia que era preciso permanecer bem. Meu rosto era desgosto e saudade e eu respirava vontade de ver você voltar. No quarto, o som havia mudado o tom, ocultando as notas mais sonoras. E as horas demoravam a passar. Até as aquarelas mais belas, com temor, haviam perdido a cor. E o Sol, agora bemol, cantava a tristeza. Até o travesseiro sentia falta do seu cheiro. As dúvidas me acompanhavam enquanto eu adormecia com aquelas palavras e canções. Eis que por um momento meu pensamento se volta à realidade. A saudade chega ao fim com você perto de mim e os esclarecimentos. Quando, entre contos e reencontros, explica-me, com zelo, que aquilo era apenas pesadelo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela contribuição!