E
naquele momento ela não queria, com mais ninguém, dançar. Já havia encontrado
seu par. Queria dele uma prosa, breve ou vagarosa, uma rosa, ou um roseiral. E
que ele se declarasse de forma especial. Naquele instante ele era cor, e ela
amor. Ela era flor e ele ardor. Ela era mel e ele céu, com todo seu mistério. Ele
era gostar e ela era mar e o mar olhava para o céu. Enquanto preenchia aquele
papel, ela era também delicadeza e romance. Ele era canção e ela coração. Ela clareza
e ele incerteza. Ela queria com ele um jantar, ao luar ou na sala de estar. A luz
de velas, ao lado de aquarelas. Ela era felicidade, satisfação e contentamento.
Ele era vento, água e Sol. Ela sustenido, ele bemol. E os dois formavam um par
de elementos distintos a combinar naquela noite, naquele música, naquele baile.
"[...] e, sob um ímpeto irresistível, expusera seus sentimentos em um pedaço de papel [...]". Em um bloco de notas, em uma máquina de escrever alemã ou diretamente nas ferramentas modernoLógicas do tal do computador.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Respostas.
[...] Ela queria respostas
naquele momento. Respostas que não poderia ter. Desconhecia o que aconteceria
entre os dois. E entre uma música e outra, vivia a imaginar. Seus pensamentos
eram tomados pelas letras das canções que ouvia e por fantasias. E aquilo, para
ela, bastava. [...] Ela não sabia o que sentia exatamente por ele, muito menos
o que ele sentia por ela. Só sentia que havia da parte dele certo receio. Talvez
fosse real, talvez fruto dos pensamentos dela. Havia tantas dúvidas. Ela mal
sabia o que despertava tanto interesse por ele. Restava-lhe apenas esperar.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Um coração de mel e melão.
Mel e melão não bastam para um
coração
Que ora chora, brinca com cores
ou ri
Que ora borra e reconstrói aquilo
em que não cri
[...]
O amor como chama não acende
Em qualquer coração
Por isso digo e repito
Nem no coração, nem na razão,
Bastam mel e melão.
Nem somente sim e não
Mas, quem sabe, um talvez.
Resta-me viajar!
Resta-me viajar. Parto. Parada.
Entre as paradas, lembranças. Entre elas, você. Entre nós, elas. No meio do caminho.
E bebo, e vinho. Entre as estações, diversos tempos, tempestades, tremendos
temporais atenuados por doces palavras. Ou somente trens. Um deles dá partida.
O trem, eu ou você? Ao lado da máquina de escrever antiga, papéis em branco,
quadros negros e rabiscos. Caixas, cartas guardadas, páginas viradas e uma vitrola. Viajo nas canções. Entre uma cidade e outra, curvas. Nos carros, passageiros. Nossos sentimentos, passageiros. Sem freio, com receio, caio. Encontro-me com ele. Escuto: “sabe o que eu mais gosto em você, além do sorriso”? Sem ideia, olhos e ouvidos atentos, ouço: “é como você utiliza seu sorriso”. Ele complementa: “como se você estivesse me perguntando o porquê de eu estar te olhando. Não sei, mas eu gosto”. O cuidado e o carinho com os quais ela era tratada por ele eram notáveis. Ele era simpático e amável. Mas era preciso sinceridade. Assim ela pretendia ser para com os sentimentos dele e para com seus próprios. Dessa forma, ela abre seu coração, indicando-lhe outra direção. Recompõe-se da queda, consegue recuperar um punhado de memórias e amor, despede-se e vai embora. Não foi agora.
Venha cá...
Venha cá,
vamos tomar um chá. Venha cá, vamos viajar. Ver o sol nascer após dançar a
noite inteira. Vamos rir, brincar, brigar, sentir saudade, relembrar os velhos
tempos, as besteiras. Só nossas. Só nossos sorrisos, sem razão. Ouvir as mesmas
músicas, mil vezes. Tomar nossas bebidas prediletas, olhar os velhos retratos,
sem saber das futuras fotografias. Venha cá, vamos ouvir Oasis, ou Paralamas. E
me deixe cantar para você, ou me ouça tocar. Venha cá e traga aquela torrada
quentinha com requeijão. Venha cá, agora só para me abraçar, daquela maneira
inconfundível. E as bobagens dos dois aos poucos iam se misturando. O café
dele, sempre sem açúcar, ganhava outro sabor quando tomado com o chá dela, com
chocolate e canela. Outro dia, para sua surpresa, então, o chá veio com um
coração. Sobre o leite vaporizado o desenho típico do apaixonado. Especial para
quem se encanta com detalhes.
A casa.
E era o chão, a segurança. As cartas, o passado, a lembrança.
E eram as portas, os laços, a novidade. Tranqüila, amena,
realidade.
E era a parede, o relógio. E a vontade de congelar o
tempo.
E era a cozinha, geladeira e congelados.
E era a fome e a vontade que não passa, continuam os
congelados.
E a vontade de receber um pão quentinho.
E, além da casa, a montanha. Fazenda, teia, aranha.
E, além da casa, a praia. O verão, o sol, a arraia.
E, além da casa, o clima. E o clima da casa.
E, além da casa, a vida. A rua, a estrada, a avenida.
O caminho e toda a caminhada. Da vida. Para a casa. Da casa.
Para a vida.
Assinar:
Postagens (Atom)