segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Liber(tango)

E cá escrevo novamente. Asas ao sentimento que, como dedos da mao, prendem e libertam, at the same time.

E quem nunca se viu em letra de tango, pensou: pudera eu solfejar sinfonia. Mais-que-perfeito seria.

E o amor fez do peito galeria. Seria, perfeito, seria, silente, seria, Clave de Sol.

Mímica, pausas, chais, piano, morangos, versos, alma... 

Pudera. Caíra a armadura dela. E sol.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

E quer saber?! O Eduardo ela já tem... Só lhe falta a Mônica!

Iniciem este escrito ao som de Eduardo e Mônica, por gentileza.


Naquela noite, ela havia passado seu batom vermelho, colocado um de seus brincos mais belos, sua jaqueta de couro azul e um short jeans. No bolso do short, nada mais do que paz e alívio. Com menos “ele”, suficiente zelo, menos cabelo, menos sobriedade, menos expectativas e menos tempo de vida [e de vida dele na dela], ela pensava, por fim, no que havia sido feito. Com convicção e preenchida por um punhado suficiente de amor-próprio,  nem tanto nem tão pouco, concluíra que aquela despedida havia sido a mais sensata das decisões, independentemente do como, do quando, do onde e do porquê da partida.

Um balanço dos acordes, das últimas mensagens, dos descasos, das discussões e das canções levava ao vazio em que aquilo havia se transformado. Não era mais tarefa complexa entender o tempo de cozimento da sopa, assim como sua base. Não era mais tarefa complexa entender que a flor de açúcar havia se despedaçado por água em demasia ou de menos. Não era mais difícil compreender que o abraço perdera a graça, que o laço havia virado nó e os nós nada mais eram. Nem perceber que a esperança havia sido desfeita nesse con(texto).  Se era triste? A tristeza faz parte... manter o sofrimento, aí não! Quando a flor, seja qual for, seja qual flor, não brota mais em certo local, outra o fará, dando-se tempo ao tempo, além de água e sol.

“Babe I’m gonna leave you” fazia mais sentido do que nunca em relação a ele, em conjunto com o passar das primaveras. Tempo tempo vasto tempo, se eu me chamasse passado, ele estaria aqui, aqui e agora, mas meu vasto coração agora compreende seu lugar.

"Mas não deram certo? Pareciam perfeitos". Ela discordava de qualquer frase em que houvesse NÃO DERAM CERTO, para qualquer casal, justamente porque nada é eterno e, se for terno enquanto passado, independentemente de tempo, já exclui o "não" da frase, pois o "fez bem tanto quanto possível" prevalece. Ela observava tantos casais presos por rótulos e outros tantos separados pelo mesmo motivo. Tantos casais preocupados mais em rotular do que em construir, de fato, uma relação sólida, repleta de laços, em vez de nós. Ela não desejava isso para si.

Casada?! Poderia estar, mas não o faria por pressão social, nem por razão distinta de amor, algo tão desejado, algo um tanto quanto indefinível, esta palavra que tentamos explicar e conseguiríamos, não fosse a sensibilidade a dizer que há muito em jogo entre a primeira letra e a quarta desta palavra mágica que, presente em maior quantidade, mudaria muito deste mundo mundo, tão vasto e tão pequeno, at the same time.

 O tal do amor, que se busca com sinceridade, por um lado, enquanto se pretende, por outro, tratar como algo comercializável, um bem vendido pronto em loja, como a amizade, pois Saint-Exupéry bem nos lembra: "os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma, compram tudo prontinho nas lojas, mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos".

Caberia, então, colocar que os amores sinceros e duráveis, excluindo-se aquele que temos por nossos familiares, estão em extinção, em tempos nos quais o valorizado é o imediato? Caberia, então, dizer que os amores estão iguais aos Iphones, com prazo para troca de modelo, caso queiramos que funcione bem?! O tempo dele demonstrar sua consideração, seu afeto, seu respeito, admiração e outros tantos que poderiam ainda se fazer presentes, havia passado e o verão anunciava novos ares, novos olhares, novas possibilidades, abraços, chocolates, instrumentos, elogios, pretextos, pretendentes, ponderações, pontuações, abraços apertados, risadas e novos sentimentos, possivelmente protegidos por castelos cada vez mais repaginados de significado.

As músicas e a paisagem de um novo dia já não bastavam mais, nem bastariam, para ela se lembrar dele como antes, porque o cristal que mantinha em sua mente, sobre eles, havia se partido, ao lado do piano dela. Nem o repertório mais belo bastaria, nem outro lugar diferente do passado, nem qualquer banda, balada, beleza, bloco, carnaval, cantor, dueto, solo, voz, tecla, nota, notação, anotação, nada. Enquanto ela nadava sozinha, e apreciava, diga-se de passagem, não havia nada a ser feito, refeito, conversado, discutido, dialogado, tempo, leitura, escrito, rabisco, releitura, tempo, poema, disco, excesso, tempo, peso, pausa, pauta; tempo, pretérito, pronto; ponto final.

E ela disse, após a adoção do gato, o Dudu: "Quer saber? Concordo com o veterinário: o Eduardo eu já tenho, agora só me falta a Mônica". E perguntou novamente: - silêncio, cadê você? Mas a resposta foi diferente desta vez: - Fui buscar a voz do Renato pra mim. E tudo procedeu como na canção... Coração, harmonia, melodia, ritmo, asa ritmada:

 "Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?"

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Some words for him: domingo é moça.


Ela amava o jeito como ele a olhava, como se não houvesse criatura mais bela no mundo; como se ela fosse uma borboleta que surgisse com os raios de Sol, como espirros dos arco-íris. Ela amava o jeito como ele escrevia, com enorme habilidade sobre as palavras... E o jeito como escrevia sobre ela, mais ainda, amava cada letrinha. Aqueles sonetos, que hoje lia e relia, como não podia ver antes quão belos eram? 



Ela não se importava mais com o que passariam amanhã, ou depois ou mais depois ainda (risos). Aliás, importava-se sim, mas aceitava até as possibilidades, pois agora podia perceber, e já se sentia satisfeita com o que haviam sido ou somavam um ao outro... bastava que as teclas do piano dela estivessem próximas às do dele... ótimo! 

Ela amava o jeito como ele a desejava, aquele que não conseguia não notar quando estavam juntos. Ela sentia que, enquanto falava, ele a olhava como quem parece pensar: “vou beijar você em breve, meu morango”. Ela amava o jeito como ele parecia a admirar e respeitar, como se ela fosse uma criação com quem tanto sonhara, como se o sorriso  dela despertasse parte do brilho dos seus olhos, como se ela fosse uma criatura que voasse como um pássaro e encantasse como flor, bonita de qualquer jeito, naturalmente, de verdade; sem muita explicação, sem tirar nem pôr. Sim, ela deveria estar lendo política naquelas horas, mas - até uma vontade incontrolável de descrever a história deles - ela amava. Ela amava os gostos afins, os incomuns, a forma como ele a inspirava a transformar o cotidiano em algo cinematográfico. E, ao final da estação e início da primavera, ela ouviu ele dizer:


- “Você continua linda com este vestido laranja, o que vestia quando nos conhecemos. Você pode pensar que não, mas eu me lembro que estava com ele. Pode me esperar no roseiral que fica do outro lado do lago, tenho um segredo”.

Enquanto seguia aquele pássaro azul, curiosa, reparando no reflexo do beija-flor que pairava sobre a água; enquanto os primeiros raios de sol embelezavam a água e o início do dia, ela, atrás daqueles óculos com lentes grossas, perguntava-se qual seria o segredo, o que o destino traria. Um silêncio profundo tomava conta do parque onde os dois estavam. Logo após, uma nuvem imensa de borboletas levantou voo, no instante em que ele apareceu e parecia acompanhar aquele espetáculo da natureza.



As cores estavam cada vez mais diversas e eles não se cansavam de olhar para as flores, agitadas e delicadas, oriundas da primavera... e para a dança das borboletas. Já não se imaginavam num mundo cheio de borboletas, estavam nele, sonhadores e felizes e viam, às margens do lago, que nada havia sido em vão.

Então, os sonhos ganhavam vida própria, o passarinho bebia o néctar das flores e ele sussurrava: “a beleza é vulnerável, não tem muita explicação mesmo, mas a gente reconhece quando existe. Bonito mesmo é quando você me ilumina. Sim, eu quero pintar o que você sonhou, mesmo que eu ainda não saiba pintar”. 

À noite, lá estava ele debruçado sobre sua prancheta. Cansado pela oficina imaginária dela, mas feliz por estar ao lado. À noite, lá estava ela, naquela sexta-feira, pensando nele, nas conjecturas, no quanto queria que o talvez dele se comunicasse bem com o dela. 

E, ao som de Clair de Lune, ela pensava e anotava em seu bloco de notas: "bem-vinda, primavera, traga o que for colorido, no tempo que vier."

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

De parte das conversas que já tiveram


Certa vez, numa dessas Conversas filosóficas de botequim que tinham, ele disse:



- O mundo é como um gato andando com olhar blasé. 



Então, ela respondeu: - Eu, Clara, não vejo o mundo assim, acho que vejo mais com meu próprio brilho no olhar.



Na continuação, ele buscou esclarecer.

- Eu estou falando das pessoas.

- Eu sei, ela disse. Mas fale por você, pela sua visão de mundo, não pela dos outros.


 




- Eu não sei, ele finalizou. A conversa acabara por ali, ou melhor, transformara-se, com o tempo.




Ela reconhecia nele muitas qualidades, inclusive percebia o quanto a presença dele nos últimos anos tinha modificado parte dela, positivamente, mas era issoSobre o mundo, tinham olhares distintos, às vezes, mas cada um respeitava isso




A visão dela, míope, modificava-se com as estações, com as chuvas, com as gotas de orvalho, com as conversas que já tinham tido, que alimentavam, por vezes, mas nada além disso


Ela gostava de aprender com ele, e das pequenas mudanças que os óculos dele tinham agregado aos dela. Com os chais e cafezinhos de cada dia, modificavam-se, entre filmes e refeições, ele no Sweet cafofo dele, na cafeteria, no pub ou em outros tantos lugares, em que, por vezes, esbarravam-se.


Ela no Home sweet home dela, acompanhada sempre por trilhas sonoras... Ambos modificavam-se ao ritmo de sucos e pratos de macarrão. Modificavam-se, embora mantivessem a essência. A dela, no caso, ainda mais colorida após o ingresso de Dudu no novo lar. Sim, o Eduardo (vulgo Duduzinho), seu mais fofo companheiro, seu tapetinho, seu novo dengo, seu Gatinho Manhoso, assim como na canção.









Ps.: "Há quem não veja a onda onde ela está e nada contra o rio. Todas as formas de se controlar alguém só trazem um amor vazio. Saber amar é saber deixar alguém te amar".

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Do essencial de cada um e da manutenção do nosso essencial no fundamental de cada amizade



Sabe desses encontros inesperados que nos coloca para pensar? Pois bem, outro dia foi assim, ao esbarrar com um querido na cafeteria. Convidada a sentar, começamos a falar sobre planos e possibilidades futuras. Pergunta vai, resposta vem, chegamos ao mote amoroso. 







Daí comecei a explicar o porquê da importância de um companheiro alguma hora, apesar das preocupações profissionais que prevalecem no momento, das prioridades, apesar dos pesares e das cobranças pessoais e familiares. Naturalmente, existem tantos tantos dos quais nos ocupamos para nos mantermos. Da luz, do gás, bandeira verde, amarela ou vermelha, amor? Ativar as termelétricas, isso cabe no poema? 



Cabe no bolso o sofrimento de uma senhora idosa, cuja desigualdade reflete em seu cotidiano, em sua pele, na sua conta de energia e no gás cortado no final do mês por falta de pagamento? A idosa, catadora de material reciclado, arrimo de sua família, tábua de salvação de seus filhos desempregados, com mais de 70 anos, não deve ser exemplo tão discrepante da realidade de tantos outros. Será que o telefone que não funciona cabe no poema? 



A sonatina, os sonhos, os sonetos de amor, a inflação, a deflação após anos, a inversão, a invasão, o in(verso), a sonegação, a corrupção, então, cabem? Os custos de mantermos políticos e políticas (ou a falta de), os preços da carne, do feijão, do pão, da insuficiência de investimentos em áreas essenciais e da falta de óleo de peroba na cara de grande parte dos representantes brasileiros... Cabem no poema? Ou será que cabe apenas o pão Low Carb e a dieta sem lactose que permeia aquelas pessoas fit, mas com moderação?! Postergar a compra do supérfluo, de tantas flores e enfeites é, possivelmente, algo inexistente na vida de tantos cidadãos, cujo dia-a-dia, possivelmente, viu-se nem tão florido ao longo de anos. Será que a orquídea e o lírio caberiam no poema dessas pessoas ou só na passagem de alguns? Será que flor é permitido onde falta gás e saúde? 




Apenas na paisagem do jardim da esquina caberia o Girassol da cor de tantos outros cabelos que não os meus? O funcionário público cabe no poema, ao lado das investigações e dos velhos problemas da política brasileira, dignos de roteiros de novela? Cabe a falta de verba das universidades brasileiras? Cabendo ou não, alivia pensar que o tempo atenua expectativas nem tão bem depositadas, até que aprendamos a colocar um pouco menos naquilo que mais desejamos. 

Ao esperar menos, sorrimos mais e o que vem é, então, lucro. Neste pequeno intervalo entre açaí, chai e torta de chocolate meio amargo com o querido, no inesperado encontro, trocamos palavras divertidas e filosofamos "a la conversas de botequim". 




Ao chegar em casa, já na minha própria companhia e na valiosa solidão, entre chás, canções, curtas conversas telefônicas, taças de vinho, textos finalizados e a concluir, contextos repensados, possibilidades esquecidas, pretéritos, pretextos, poesia, deparei-me com a mente na minha própria “filosofia existencial”.  

O que vale, dentre as respostas que buscamos, das que temos do que somos, do antigo que, em parte levamos adiante, em parte, ao passado pertence? O que decidimos manter, entre um instante e outro, nem tão perto que se invada, nem tão longe que se faça ausente? O que, de fato, mantemos da parte que pretendemos manter, num ambiente nem tão frio como a temperatura no inverno, ainda que brasileiro, nem tão quente a ponto de queimar?!




O que desejamos que permaneça aquecido no nosso espelho, o que permitimos que fique congelado no passado, na porta do congelador da geladeira que já nem é tão nova mais? O que colorimos e colocamos no nosso precioso baú de forma nem tão colorida, ora em sépia, ora preto, ora branco, ora em P&B? O que reparamos no espelho, dos quais podemos não buscar tanto, nem tão pouco, numa relatividade intraduzível, por vezes. 



O que importa dos tão corridos dias, das concorridas profissões, das promessas alheias que até podem, mas não devem permanecer? Das outras pessoas, da retidão, da retração, da revelação, dos velhos retratos, dos reflexos incertos, dos conselhos e consensos, dos incensos, das diferentes visões, das vocações, da retina, da rotina, da nossa, da do outro que afeta a nossa, do que fazemos dela, do que conseguimos levar do que não é essencial? 



Será que basta não desejarmos ao outro o que não queremos para nós? Ou não esperar do outro o que desejamos para nós, que faça nossa parte ou que aja como faríamos!?!? 

Basta não cobramos do outro o que não oferecemos, basta nos aceitarmos do modo que somos, ou do que temos consciência do que buscamos? 






O que importa dos nossos quereres, do que vemos ao apreciar o mar, do somar alheio, das gotas, dos gostos e desgostos, das contas, da contabilidade, da economia, da matemática, das compras, dos encontros, dos descontos, dos desencontros, do que somos, do fizeram de nós, ou apenas tentaram, e permitimos?!!? 





Quanto do que falamos condiz com o que realmente procuramos e qual é a essência do que queremos no oceano de palavras que trocamos diária e desnecessariamente, por vezes? O que vale no interior do oceano que construímos, através das profundezas da alma? O que vale do que deixamos que buscassem para nós, ou do que aceitamos do outro, ou do que conseguimos lidar melhor conosco e enxergamos como nosso?! O que importa deste pequeno tudo isso que ora parece tão grande, ora tão ínfimo, ora tão distante, ora tão íntimo, ora com menos tão isto ou tão aquilo? Eu prefiro, entre objetos de arte, entre leilões diversos, o da Cecília, desses infantis em que se pode encontrar cores, borboletas, flores, passarinhos, ovos nos ninhos, lagartos, raios de sol, caracol, formiga, cigarra, fábula, sapo e grilo anunciando esperança.



O que permanece do que não se pode precisar, do que descobrimos como indefinível, do que compreendemos e do que acreditamos compreender? O que tomamos como nossa verdade das palavras alheias, de frases que são do outro e tentamos descrever como nossas, ao atirar flechas precipitadas, ao atirar-nos do precipício, por vezes, sem calcular tanto os riscos, a distância das rochas e a quantidade de elementos que podem nos machucar?! 

Engraçado é pensar sobre as visões que os diferentes outros têm de nós, para as quais a maior cautela é apenas mantermos nossa essência e, para tanto, conhece-la, ama-la, alimenta-la, filtra-la, sempre que necessário. “Você, tão sensata, tão equilibrada", dizem uns; "Você tão maluquinha, no bom sentido da palavra, tão extrovertida, tão inteligente, tão sociável". Oi?



Eu, "tão-cheia-de-maravilhados-predicados”, tão bem-descrita por mim mesma e pelas amigas próximas, por outro lado. A resposta sobre este você mais real, para além de idealizações alheias? Pois bem, encontra-se em blocos de notas, em parte, em chais, ou taças, ou grãos de areia, ou cada gota de vinho já tomada na própria companhia; em concertos e em muita música, em teatro, em algum grau em abraços, e em bem menor grau, em palavras trocadas. E quer saber o que acredito ser fundamental? Além do amor, das canções, dos vocais do Tom, do Toquinho ou do João, é a vida não estar fechada em arquivos e documentos! É tentar enxergar o essencial e aquilo que não deixamos perder com o tempo, o que não matamos no cotidiano e a cada segunda ou terça-feira modorrenta. O que guardamos a sete chaves, seja lá por quanto tempo permanece neste turbilhão do mundo atual.



O que aceitamos que se vá da limitação humana de buscar, por vezes, o sobre-humano? Do tele transporte, já desisti! Somos dois? Lembra-se, amigo aniversariante de hoje, de quando você falava para mim que gostaria deste poder? Ah, quantos instantes  e quantos anos passaram das rosas passadas que você tentou me entregar e que eu nunca consegui receber da mesma forma, receosa de não ser sincera comigo, em primeiro lugar, e com você, em segundo, pois estava mais do que claro que você me amava. Sim, só eu não percebia.  Eu, alguns anos depois, agora e aqui, aqui e agora, um pouco menos “sonsa”, entendo melhor. À época, ainda precisava que me dissessem que Não, você não gostava de War, eu sim e você ia por mim, não pelo jogo de guerra de tabuleiro, mas pela possibilidade de interagirmos ao longo dele. E que Sim, você, que não costumava passar perfume, o fazia para jogar War, pois é, coincidência, correto?! 

O que a paixão não explica? Quem diria que tantos gostos comuns nos uniriam e que, anos depois de termos tantas histórias para contar e de eu já ter sido mote de textos seus, um certo vício inspirador, você estaria contido em um dos escritos meus, ham?! Em outro contexto, porém não menos querido e nosso café ainda sairá, creio, um dia, aquele que nossas agendas se reunirem. Dos concursos, das suas aulas jurídicas para uma então aprendiz de sociologia aplicada, das aulas de francês que iniciamos juntos e continuei sozinha, dos cursos, presenciais ou não, dos discursos; dos pretextos, das pretensões, das estradas, da chave apitando, da correnteza, do rio, da região serrana, da passagem do tempo, das andanças e das mudanças, da falta do nosso amigo, hoje estelar, das caminhadas, da minha bike, a Clarissa, cada vez mais dela, das possibilidades; da coleção de canecas, das tortas de banana com canela, aquela que continua permanecendo nas receitas para adoçar a alma, inclusive neste friozinho de inverno-nem-tão-frio-pois-brasileiro; da chuvinha que muda a sensação térmica, é mantido meu carinho e minha admiração por tudo que vivemos.


Dos Chais, Cappuccinos; da nova coleção de caixas, significados e conceitos; da quebra de preconceitos; das novas construções e desconstruções do mundo de significações a desvendar; da alegria de dar ao novo gato um lar; dos livros que você me deu, de Clarissa de novo, a bike; da bagunça que o felino faz no novo ambiente; na sala, a derrubar porta-retratos e caixinhas recém-instaladas, são mantidas ao menos belas memórias e a sincera amizade.


O que vale dentre brindes, homenagens, passagens, pertences, passeios, trechos, triângulo, teoria, matemática, estatística, número, numerador, denominador, denominar, delimitar, espaço, compasso, valsa, terço, verso, vice-versar-versões, rock, retângulo, isósceles, linhas, suplementares, limites, superiores, suspense, incerteza, risco? O que se mantém nessa vida adulta corrida talvez não tão recheada de chocolate em excesso, mas preenchida por falta de tempo-pra-pausa-do-café, em que talvez falte tempo para sua escrita literária, ou para minhas linhas, suplementares, ligações, lições, leitura, ligadura, luta, deveres, questionários, direitos, esfera, espera, horário, temporário, tempo, ineficácia, inferiores, ponto. 


O que se faz essencial entre teoria, disciplina, matéria, música, claves, chaves, frações, intervenções, incertezas, urbano, humano, figuras, falhas, ditados, dizeres, dicionários, sinais, signos, sinônimos, expressões, espera, chás, comunicação, ação, arte, de(coração), acionar, mar, amar, maré, movimento, métrica, medidas, respostas, tempo? Quanto a um passado não tão antigo, será que existe parte de mim numa terceira margem? Ponho-me a refletir.

O que importa, de fato? Uma trilha sonora da própria vida, “Like no one's watching you”, um turbilhão, um milhão de palavras – centenas, dezenas, unidades ou incontáveis delas – das letras que buscam definir diversas situações, ciclos e circunstâncias ou o amor que se transforma e que permanece, de forma diferente, talvez mais silenciosamente, talvez traduzido pela imagem do seu gatinho esparramado no chão esperando por cafuné?

Ps.: A moment a love;  A dream aloud; A kiss a cry; Our rights; Our wrongs. Ao som de Florence and The Machine.

domingo, 2 de julho de 2017

Pai, eu vi uma libélula: yes, I did... I saw a Dragon-fly.




Pai, eu vi uma libélula no Espelho, outro dia! Ela era linda, como a do livro que me deu de Natal. A li(nda) libélula batia as asas lá, ao lado das panelas e dos panos, ao redor das árvores, dentro de casa, tentando ver o mundo exterior, para além do visível. 







Como o pé-direito é alto, naturalmente, teve dificuldade de sair, mas estava lá, persistente, tentando apreciar a beleza que existe naquele nosso pedacinho de Céu, onde o canto das cigarras prevalece entre bastante silêncio e poucos sons, todos agradáveis, diversos das buzinas da cidade. 



Observei por alguns minutos o bater de asas dela, enquanto as nuvens se moviam, devagarzinho, naquele céu azul-bebê, azulzinho, tão belo em contraste com o roxo-amarelo das quaresmeiras que floresceram nos tempos pós-Carnaval. Ah, também ganhei duas pencas de banana do Marcão e comprei pão do Barrigão para vocês. 
No mais, não vejo a hora de voltar ao Espelho, talvez no seu aniversário, talvez no final de semana anterior. Porque faz bem à alma e lá, a cada reencontro comigo mesma no Espelho, redescubro sempre o que importa, no fundo da ópera, na parte não-vista de cada iceberg que já passou, passa ou passará por nossas vidas: o invisível cheiro de terra molhada pós-chuva, o visível roxo-verde-azul-branco e outros tantos que percebemos e sentimos e admiramos e valorizamos: nariz, olfato, tato, boca, caneca, caneta, canela, paladar. E o amor que deixamos no universo, além daquele que aceitamos receber, sem tanto receio do precipício.










Ps.: "And in the end the Love you take is equal to the love you make".

domingo, 18 de junho de 2017

Tango, Tea no Coffee Shop, Jazz ou um amistoso passeio de bike? #41

Meus dias têm sido assim, compostos por certezas e dúvidas; acentos e acordes; canetas, canela, canecas, chais; bicicleta, bolo, tempo, teclas, taças de vinho, textos, torradas e frutas, na feira da Praça, por vezes. Cada manhã, acordo cada vez mais minha, mas tenho pensado em você nos últimos dias, confesso. Os afazeres cotidianos e as preocupações profissionais distraem qualquer pensamento e fujo de inserir um outro alguém na minha vida neste momento. Amigos e amoras, algumas em condição similar no time dos afazeres, enriquecem as atividades diárias e bem distraem as possibilidades amorosas. 






Sei que é algo passageiro e paliativo, pois amigo é amigo e amor conjugal são outros 500, mas será que pretendo manter meus lábios cor-rubi tão vívidos so close to you? Será também que é isso que você quer? 









Ainda leva algum maço para alimentar algum trago seu que nunca cheguei a ver ou mantem apenas o gosto de vinho na boca? Pelas discussões desnecessárias que travamos, pela possibilidade de eu ter me atrasado tanto ao chegar no Samba, a ponto de não dançar, pelos poucos cartões que escrevi e por apenas uma concha, será que conseguiríamos ser amigos?




Será que pode ser tão mais belo, simples e sensível quanto mais permanecer no passado o que vivemos? Ou será que, juntos, seríamos tão formosos que os sóis e os deuses morreriam de vergonha dos nossos abraços? Sua armadura teria mesmo caído por violetas, em plena orquestra de borboletas? E será que isto permaneceria? 

Meu ser a florescer e o embebecer de um não-etílico olhar, interrompido por pausas, pizza, dança, chai e notas musicais de cada um dos pianos. 






Quisera eu ser mesmo obra vaidosa da natureza ou ver meu ninho de volta [em seus braços talvez?]. Eu, sinfonia, sonata, sonatina, sonetos (risos); você, tango? Eu tango, você valsa? Eu, valsa, você o quê? Vamos deixar claros os com(passos), certo? 


O que importa não é a linguagem permanecer musical? Será mesmo que “a kiss is just a kiss" e “A sigh is just a sigh”? Será que “The fundamental things [STILL] apply As time goes by”? 










Ninguém sabe que domingo é moça. Domingo é canto de passarinho, passeio de bike, cinema, caderno, café, chá, água de coco. 

Lições de inglês, ou de espanhol, talvez? 









Domingo é moça. Pois é... Did I do all that I should?











Ao som de Dave Matthews Band


"Say, my love, I came to you with best intentions. Oh Helena, do you believe That we might last a thousand years?"







Ps.: “Maybe different, but remember Winters warm where you and I Kissing whiskey by the fire With the snow outside. [...] Stay or leave I want you not to go But you should It was good as good goes. Stay or leave I want you not to go But [maybe] you [already] did”