quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

E quer saber?! O Eduardo ela já tem... Só lhe falta a Mônica!

Iniciem este escrito ao som de Eduardo e Mônica, por gentileza.


Naquela noite, ela havia passado seu batom vermelho, colocado um de seus brincos mais belos, sua jaqueta de couro azul e um short jeans. No bolso do short, nada mais do que paz e alívio. Com menos “ele”, suficiente zelo, menos cabelo, menos sobriedade, menos expectativas e menos tempo de vida [e de vida dele na dela], ela pensava, por fim, no que havia sido feito. Com convicção e preenchida por um punhado suficiente de amor-próprio,  nem tanto nem tão pouco, concluíra que aquela despedida havia sido a mais sensata das decisões, independentemente do como, do quando, do onde e do porquê da partida.

Um balanço dos acordes, das últimas mensagens, dos descasos, das discussões e das canções levava ao vazio em que aquilo havia se transformado. Não era mais tarefa complexa entender o tempo de cozimento da sopa, assim como sua base. Não era mais tarefa complexa entender que a flor de açúcar havia se despedaçado por água em demasia ou de menos. Não era mais difícil compreender que o abraço perdera a graça, que o laço havia virado nó e os nós nada mais eram. Nem perceber que a esperança havia sido desfeita nesse con(texto).  Se era triste? A tristeza faz parte... manter o sofrimento, aí não! Quando a flor, seja qual for, seja qual flor, não brota mais em certo local, outra o fará, dando-se tempo ao tempo, além de água e sol.

“Babe I’m gonna leave you” fazia mais sentido do que nunca em relação a ele, em conjunto com o passar das primaveras. Tempo tempo vasto tempo, se eu me chamasse passado, ele estaria aqui, aqui e agora, mas meu vasto coração agora compreende seu lugar.

"Mas não deram certo? Pareciam perfeitos". Ela discordava de qualquer frase em que houvesse NÃO DERAM CERTO, para qualquer casal, justamente porque nada é eterno e, se for terno enquanto passado, independentemente de tempo, já exclui o "não" da frase, pois o "fez bem tanto quanto possível" prevalece. Ela observava tantos casais presos por rótulos e outros tantos separados pelo mesmo motivo. Tantos casais preocupados mais em rotular do que em construir, de fato, uma relação sólida, repleta de laços, em vez de nós. Ela não desejava isso para si.

Casada?! Poderia estar, mas não o faria por pressão social, nem por razão distinta de amor, algo tão desejado, algo um tanto quanto indefinível, esta palavra que tentamos explicar e conseguiríamos, não fosse a sensibilidade a dizer que há muito em jogo entre a primeira letra e a quarta desta palavra mágica que, presente em maior quantidade, mudaria muito deste mundo mundo, tão vasto e tão pequeno, at the same time.

 O tal do amor, que se busca com sinceridade, por um lado, enquanto se pretende, por outro, tratar como algo comercializável, um bem vendido pronto em loja, como a amizade, pois Saint-Exupéry bem nos lembra: "os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma, compram tudo prontinho nas lojas, mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos".

Caberia, então, colocar que os amores sinceros e duráveis, excluindo-se aquele que temos por nossos familiares, estão em extinção, em tempos nos quais o valorizado é o imediato? Caberia, então, dizer que os amores estão iguais aos Iphones, com prazo para troca de modelo, caso queiramos que funcione bem?! O tempo dele demonstrar sua consideração, seu afeto, seu respeito, admiração e outros tantos que poderiam ainda se fazer presentes, havia passado e o verão anunciava novos ares, novos olhares, novas possibilidades, abraços, chocolates, instrumentos, elogios, pretextos, pretendentes, ponderações, pontuações, abraços apertados, risadas e novos sentimentos, possivelmente protegidos por castelos cada vez mais repaginados de significado.

As músicas e a paisagem de um novo dia já não bastavam mais, nem bastariam, para ela se lembrar dele como antes, porque o cristal que mantinha em sua mente, sobre eles, havia se partido, ao lado do piano dela. Nem o repertório mais belo bastaria, nem outro lugar diferente do passado, nem qualquer banda, balada, beleza, bloco, carnaval, cantor, dueto, solo, voz, tecla, nota, notação, anotação, nada. Enquanto ela nadava sozinha, e apreciava, diga-se de passagem, não havia nada a ser feito, refeito, conversado, discutido, dialogado, tempo, leitura, escrito, rabisco, releitura, tempo, poema, disco, excesso, tempo, peso, pausa, pauta; tempo, pretérito, pronto; ponto final.

E ela disse, após a adoção do gato, o Dudu: "Quer saber? Concordo com o veterinário: o Eduardo eu já tenho, agora só me falta a Mônica". E perguntou novamente: - silêncio, cadê você? Mas a resposta foi diferente desta vez: - Fui buscar a voz do Renato pra mim. E tudo procedeu como na canção... Coração, harmonia, melodia, ritmo, asa ritmada:

 "Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?"

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