quarta-feira, 29 de julho de 2015

De chá em chá, de toda poesia que há...

É ele que pode nos confortar em momentos nos quais não nos conformamos com algumas situações. É ele que pode aliviar algumas dores um tanto quanto incuráveis, que pode atenuar os excessos de alguns humores e desacelerar o coração em determinadas horas, quando necessário. É ele que pode confortar os ânimos em uma terça-feira modorrenta que insiste em retardar as notícias boas dos finais de semana ou a ausência prolongada de familiares queridos. É ele que melhora o mal humor da falta à feira de quarta-feira, aquela onde se encontra tapioca, flores fresquinhas e mais tapioca ainda, de preferência de banana e com leite condensado. 

É também a camomila dele que pode provocar mudança no estado de espírito em um fim de semana que se planeja viajar para lugares x, y ou z e mal se sai do bairro onde mora ou do quarteirão. São as frutas silvestres dele que deixam vivos alguns sentimentos e é a maçã com canela também dele que pode confortar ao máximo a angústia de se perceber impotente diante de determinados fatos. É ele, o famoso chá; o simples ato de ferver o caneco; encher a caneca de canela, de frutas, sentimentos e outros tantos; de ir para a varanda sem saber o porquê e sentar no tapete ou na grama sintética. Sem motivo também, esparramar-se na grama da varanda, juntamente com cactos e outras plantas que ajudam a vida dos reles humanos. 

É também o chá que torna a solidão um tanto quanto mais agradável, mesmo apesar de algumas adversidades, apesar dos pesares, apesar dos problemas do mundo que não temos como resolver sozinhos, cada um por si e ponto final. Ele torna momentos insossos em mais atraentes; transforma páginas e fotografias de jornal em cenas cinematográficas. Filmes interessantes em mais prazerosos ainda. Estudos obrigatórios em tranquilamente suportáveis. Pois, se para morrer basta estar vivo, para viver basta beber chás e cafés, além de se alimentar de guloseimas que vão muito além de chocolates; de produtos que vão muito além de feijão e arroz; pão, manteiga e queijo; alimentar-se de elementos como a música, a fé e derivados. De preferência, embebedar-se não somente da fé e de um bom som, mas de um livro de poemas, com a caneca predileta à mão, se é que há, ou lê-lo com um grande amor ao lado. Agora, para viver um grande amor, isso Vinicius, o poetinha, ensina, basta lê-lo ou ouvi-lo. Mas já adianto que, primeiro, é preciso sagrar-se cavalheiro e, depois, aí sim talvez bastem poucas coisas. Talvez sejam suficientes uns chás, talvez outras bebidas quentes; um violão; uma canção e a poesia de uma noite em que se possa avistar a Lua ou nem. Daí, de chá em chá, ficamos mais compreensivos e, independentemente do ocorrido, os ânimos podem se modificar. De chá em chá, cedemos. 

De chá em chá, construímos laços, lares, luaus e pontes. De chá em chá, tomamo-nos para nós mesmos, tomamos nossos sonhos, bebemos nossos mistérios, aceitamos alguns passados, tornamo-nos a mudança que desejamos ver no mundo e construímos, independentemente do sabor, ou dissabor, um mundo melhor. E nessa de beber nossos mistérios e sonhos, colocamos a água do caneco na caneca com canela, partimos um pedaço de pão com requeijão e aproveitamos para dar partida numa viagem só nossa. Partimos da gota para o mar, do mar para nosso próprio coração, sentindo-nos cada vez mais inteiros nesse mundo, mundo, vasto e imenso mundo, mais vasto ainda quando estamos acompanhados por chás, blocos de notas, uma máquina de escrever antiga ou um simples equipamento modernológico como o tal do computador. Vai uma caneca aí... Ou uma caneta?


Ps.: Se não houvessem os chás, talvez as noites fossem diferentes, talvez não houvessem tantos sonhos, nem tantos desejos. 



sábado, 25 de julho de 2015

Dos poemas de julho

- Silêncio, cadê você?
- Aqui, vim buscar sua voz pra mim.
E quando não havia mais voz
E quando só havia silêncio
Ela se silenciava dormindo quase em pé
Com as Mulheres de Galeano nas mãos...

São apenas as Noites.












Ps.: The Strokes said You only live once.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

De par em ÍmPar.

Parou de responder
Ao que ele escrevia
Parou de escrever
O que ele não leria
Parou de leiloar
Parou para replantar
Em outros mares
Parou para fazer brotar
Parou de fazer horta
Para ele
Parou de fazer torta 
E de fazer questão.
Parou de ser seu par
Par
Ou
Ím
Par.

Ps.: "I'd never sing of love
If it does not exist".




Keeping a comfortable distance.

domingo, 19 de julho de 2015

Se fosse, seria.

Se eu pudesse descrever o que não sinto por você, diria que é o que poderia ter sido. Se eu pudesse ao menos dizer o que poderia ter sido, diria que foi expectativa ou uma ausência presente, um tanto quanto contraditório, mas real. Se eu pudesse ser mais sincera ainda, diria que não foi paixão, nem amor, mas algo ao menos próximo à amizade, pois a vida brinca e nos coloca próximos, embora distantes.

Se eu pudesse escolher uma música para descrever um pouco a situação, não seria “Preciso dizer que te amo”, mas “Eu me lembro”. Se eu precisasse falar de paixão ou amizade, escolheria falar de amor. Se eu pudesse falar de amor com você, escolheria falar das cores e frutas que o compõe. Oras, se o amor fosse uma cor, de cor, poderia ser descrito como azul, pela calmaria que há em seu fundo, como o fundo de um mar cheio de peixes, alguns solitários, outros nem tanto, outros tendo a solidão como defesa. Se o amor fosse uma fruta, seria uva, da qual se fazem vinhos amorosos, vinhos maravilhosos viriam das vinícolas do lado de lá. Ou seriam morangos, tão vermelhos quanto a cor da paixão, que por vezes se mistura com o que há de belo no amor? Se o amor fosse uma construção, com sua delicadeza, seria uma mistura de estilos, como uma casinha simples ou um imponente castelo, como conjugados amor e paixão, antigo e moderno, romantismo ou não. Se o amor fosse uma mudança, seria como o tempo, vagaroso e respeitável. 

Se eu pudesse dizer ao amor do que ele precisa, diria que é necessário dar ao amor tempo, assim como água, assim como se rega plantas e se alimenta o tempo, assim como dar tempo ao tempo e tempo e água às flores para que se desenvolvam. Se o amor fosse a minha pessoa, eu seria também o amor, seria tudo o que há na poesia, seria tudo o que o universo cria, no que cria o coração. Se o amor fosse canção, você ou nós, seríamos amor, amantes ou somente amáveis músicas. Se não fôssemos nós, sem amor, nada seríamos, não tocaríamos, nem cantaríamos como sereias. Se o amor fosse o próprio amor, eu não criaria algo inexistente, eu não creria que amar é tão difícil nem tão fácil quanto um verbo de quatro letras no infinitivo, tal como doar, doer e inclusive amar, pois só entende do amor quem ama e permite ser amado, pois só entende do amor quem busca dar e receber. E, por tudo o que há de mais belo a dois, a sós, no ímpar e no par, um a um, dois a dois, se o amor fosse o próprio amor, sem amor eu nada seria, eu nadaria sereia, não seria humana, seria só, só andaria, assim e para sempre.





segunda-feira, 6 de julho de 2015

Autoescrita: Si Bemol... Ou Sustenido.

E tendo visto
Aquele filme;
Tendo lido
Aquele livro lindo;
Tendo escutado
Aquele som
Agradável
ela quis escrever novamente.


Para si,
Para si,
Para
Si
Pára. Pausa. Procede...

Si
  Si
    Si
Be
Mol
      Si
Bemol.
      Si.
Bemol
       Ou
        Sustenido.