É também a camomila dele que pode provocar mudança no estado
de espírito em um fim de semana que se planeja viajar para lugares x, y ou z e
mal se sai do bairro onde mora ou do quarteirão. São as frutas silvestres dele
que deixam vivos alguns sentimentos e é a maçã com canela também dele que pode
confortar ao máximo a angústia de se perceber impotente diante de determinados
fatos. É ele, o famoso chá; o simples ato de ferver o caneco; encher a caneca
de canela, de frutas, sentimentos e outros tantos; de ir para a varanda sem saber o porquê e sentar no tapete ou
na grama sintética. Sem motivo também, esparramar-se na grama da varanda, juntamente com cactos e outras plantas
que ajudam a vida dos reles humanos.
De chá em chá, construímos laços, lares, luaus e pontes. De chá em chá, tomamo-nos
para nós mesmos, tomamos nossos sonhos, bebemos nossos mistérios, aceitamos
alguns passados, tornamo-nos a mudança que desejamos ver no mundo e construímos,
independentemente do sabor, ou dissabor, um mundo melhor. E nessa de beber nossos mistérios
e sonhos, colocamos a água do caneco na caneca com canela, partimos um pedaço
de pão com requeijão e aproveitamos para dar partida numa viagem só nossa. Partimos
da gota para o mar, do mar para nosso próprio coração, sentindo-nos cada vez
mais inteiros nesse mundo, mundo, vasto e imenso mundo, mais vasto ainda quando
estamos acompanhados por chás, blocos de notas, uma máquina de escrever antiga ou
um simples equipamento modernológico como o tal do computador. Vai uma caneca aí... Ou uma caneta?
Ps.: Se não houvessem os chás, talvez as noites fossem diferentes, talvez não houvessem tantos sonhos, nem tantos desejos.