Ela, a cada instante, explicava um pouco de si para ele. Sentia que ele merecia ouvir cada vez mais sobre ela. E gostava da curiosidade dele em ouvir aquilo. Sentia-se especial por acreditar quando ele dizia que ela tinha um mundo de significações que ele ainda não havia decifrado. E o “ainda” dava mais sentido à vontade dele de estar perto dela. E sentido à vontade dela também. Aquele “ainda” ainda tornaria a presença dele mais querida. Porque aquilo poderia representar muitos caminhos... E vinha ele, tentar bagunçar o dela, como uma mistura de instrumentos diversos em uma única canção. Ele dizia que ela desfilava uma beleza singular com os olhos, com a voz, com o ritmo e confessava que construía em sua mente quem ela era com tantas surpresas e aventuras poéticas. E as reflexões sobre suas vidas levavam a crer que, embora ele dissesse o oposto, o que mais queria naquele momento era encostar delicadamente em seus cabelos e revelar a turbulência que desejava causar na viagem dela. E só de pensar naquele voo, ela já sentia um friozinho na barriga.
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