Bem daqueles que inundam a vida inteira
Dos vizinhos Dos morangos Do terreno ao lado
Dos cavalos alados Dos sonhos Das esperanças sonoras
Das horas por vir Dos poemas que nos olham
Das casas Dos amigos Dos novos Dos antigos
Dos chás Dos orixás e Dos xodós
Das agendas Das encomendas Das tendas
Das vírgulas que não vieram
Das promessas que também não
De Janeiro a Janeiro ainda virão
Eu queria um poema Destes que a pena ainda não cedeu
Do imaginário Do cotidiano Dos verões sem preocupações
Dos concertos Dos concretos Do côncavo Do convexo
Das cidades Dos sítios Do só e do acompanhado
Dos contextos Dos pretextos Dos pretendentes e dos pretéritos
Dos textos sem pontuação Da falta de discussão
Eu queria um motivo Um poema Um presente
Que a pena agora já cedeu
Você eu Motivos A poesia do momento
Que inunda aquela vida inteira